CONTINENTE NEGRO PODE SER CELEIRO DA HUMANIDADE
Antigo presidente de Cabo Verde Pedro Pires está preocupado com corrida de empresas transnacionais e até governos extra-africanos a terras aráveis não cultivadas.
O antigo Presidente da República de Cabo Verde Pedro Pires considerou, esta terça-feira, que África pode "ambicionar a ser o futuro celeiro da humanidade", se os países modernizarem a produção agrícola, mas vê "com preocupação a corrida de grandes empresas transnacionais e de governos extra-africanos à compra de grandes extensões de terrenos" naquele continente.
Pedro Pires, que encerrava o encontro "Perspetivas Económicas dos Países da CPLP", no âmbito da assembleia geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCLLA), reunida no Porto, observou que 63% das terras aráveis e não cultivadas do Planeta são africanas.
No encontro fora tratada a necessidade de diversificar as economias dos países lusófonos e reduzir a dependência do petróleo. Pedro Pires sublinhou que, embora muitas economias africanas tenham crescido na última década, o facto de assentarem em matérias-primas não transformadas e sem valor acrescentado fragilizou-as.
Com o abrandamento da economia chinesa e as crises na Europa e no Brasil, a redução da procura das matérias-primas, a queda "drástica" dos preços do petróleo e os "constrangimentos no acesso ao crédito externo", ficou "patente a inadequação do modelo económico seguido".
Fluxos financeiros ilícitos
Em síntese, Pedro Pires defendeu a modernização do aparelho produtivo, a diversificação da economia, o desenvolvimento industrial, agrícola e tecnológico, o aumento da escolarização e da capacitação profissional, a cooperação entre os países africanos e parcerias internacionais e a diversificação de fontes de energia - incluindo as "colossais" renováveis.
Recursos financeiros internos existem, disse, defendendo o incremento de instituições financeiras de desenvolvimento (o gestor e ex-governante português Carlos Costa Pina defendera um banco de fomento para a CPLP). Mas também é necessário fiscalizar e reduzir os fluxos financeiros ilícitos. Entre 2000 e 2008 saíram ilicitamente de África cerca de 50 mil milhões de dólares.
Pedro Pires chamou também a atenção apara a ameaça do crescimento do jiadismo, que "ganhou força e expansão na África saaro-saheliana após a solução de força imposta na Líbia, com a exclusão e a humilhação da Organização de Unidade Africana e a completa ignorância das suas propostas de solução”.
Artigo do dia 31 de Maio de 2016, assinado pelo jornalista Alfredo Maia, do Jornal de Notícias. Foto: Global Imagens
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A intervenção do Presidente Pedro Pires, no encontro "Perspetivas Económicas dos Países da CPLP”, pode ser encontrada aqui.
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